segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Protesto contra a lei das cotas



É lamentável o protesto, ocorrido no mês de agosto, de alunos de algumas escolas particulares de Santa Maria contra a lei que reserva 50% das vagas das universidades federais para cotistas. Eles não se conformam com 50% das vagas restantes, às quais podem concorrer livremente, sendo que o número de estudantes egressos de escolas públicas é imensamente maior do que o de alunos oriundos da rede privada de ensino.
Mais lamentável que o próprio protesto é o argumento no sentido de que o governo, em vez de criar cotas sociais, deveria melhorar a educação pública. Esquecem que a educação da escola pública é praticamente a mesma e que a maior diferença está nas condições financeiras entre o aluno da escola pública e da escola particular.
Por outro lado, é inegável que a educação pública precisa ser de excelente qualidade e, por isso, merece mais investimentos. Porém, por que as pessoas menos abastadas devem esperar até que a escola pública possa concorrer com os cursinhos pré-vestibulares? Por que os alunos desses cursinhos não podem esperar para garantir sua vaga em um curso concorrido? A hipocrisia está clara.
Além de toda a questão envolvendo a necessidade de investimento na educação pública, não se pode ignorar que o aluno da escola particular quando vai para a escola, na sua maioria, já tem uma gama de conhecimento em informática, inclusive, maior  domínio da linguagem, artes, natação, esportes, atividades que desenvolvem o indivíduo, ao passo que a maior parte do aluno da escola pública conta apenas com o conhecimento que lhe é repassado na escola, desconsiderando as dificuldades de transporte, alimentação e suporte familiar que, muitas vezes, se fazem presentes.
Por isso, correta a lei que criou as cotas visando a diminuir as desigualdades sociais em respeito ao disposto no item III do art.3º da Constituição Federal, pois na Universidade o aluno da escola pública terá condições de superar essas diferenças e ser um profissional tão bom ou melhor que o aluno da escola particular, uma vez que na escola pública ele recebe uma visão mais ampla da vida com várias filosofias, decorrente da autonomia e liberdade dos professores da escola pública.