É lamentável o
protesto, ocorrido no mês de agosto, de alunos de algumas escolas particulares
de Santa Maria contra a lei que reserva 50% das vagas das universidades
federais para cotistas. Eles não se conformam com 50% das vagas restantes, às quais
podem concorrer livremente, sendo que o número de estudantes egressos de
escolas públicas é imensamente maior do que o de alunos oriundos da rede
privada de ensino.
Mais lamentável
que o próprio protesto é o argumento no sentido de que o governo, em vez de
criar cotas sociais, deveria melhorar a educação pública. Esquecem que a
educação da escola pública é praticamente a mesma e que a maior diferença está
nas condições financeiras entre o aluno da escola pública e da escola particular.
Por outro lado,
é inegável que a educação pública precisa ser de excelente qualidade e, por
isso, merece mais investimentos. Porém, por que as pessoas menos abastadas
devem esperar até que a escola pública possa concorrer com os cursinhos
pré-vestibulares? Por que os alunos desses cursinhos não podem esperar para
garantir sua vaga em um curso concorrido? A hipocrisia está clara.
Além de toda a
questão envolvendo a necessidade de investimento na educação pública, não se
pode ignorar que o aluno da escola particular quando vai para a escola, na sua
maioria, já tem uma gama de conhecimento em informática, inclusive, maior domínio da linguagem, artes, natação,
esportes, atividades que desenvolvem o indivíduo, ao passo que a maior parte do
aluno da escola pública conta apenas com o conhecimento que lhe é repassado na
escola, desconsiderando as dificuldades de transporte, alimentação e suporte
familiar que, muitas vezes, se fazem presentes.
Por isso,
correta a lei que criou as cotas visando a diminuir as desigualdades sociais em
respeito ao disposto no item III do art.3º da Constituição Federal, pois na
Universidade o aluno da escola pública terá condições de superar essas
diferenças e ser um profissional tão bom ou melhor que o aluno da escola
particular, uma vez que na escola pública ele recebe uma visão mais ampla da
vida com várias filosofias, decorrente da autonomia e liberdade dos professores
da escola pública.
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