segunda-feira, 6 de junho de 2011

O Hino Nacional Brasileiro, o funk e o sensacionalismo da mídia

Um vídeo publicado na internet, o qual mostra soldados dançando funk ao som do Hino Nacional Brasileiro em uma unidade militar no município de Dom Pedrito, está criando maior frenesi na mídia.


Os internautas na sua maioria levam o fato na brincadeira, porém para outros, a dança foi um meio de protestar contra as injustiças sociais que permeiam a nossa sociedade. A situação não é simples.
Primeiro, porque os soldados correm o risco de serem condenados.


Caso forem julgados por crime militar, o processo será apreciado por militares - pessoas que nem juízes são -, a exceção de um que é juiz militar.

Segundo, porque o ato dos soldados pode caracterizar um protesto, tanto pelo fato de estarem prestando um serviço obrigatório, como pelo fato da situação absurda de disparidade que vive a sociedade brasileira, uns vivendo na exorbitância, no luxo e outros sobrevivendo com um salário mínimo, que não cobre ao menos, as despesas de moradia, isto sem considerar aqueles que vivem em situação de miséria absoluta.


Por outro lado, a obrigatoriedade do serviço militar é incompatível com o estado democrático de direito.
Não é admissível que em pleno século XXI, em uma sociedade que se diz democrática, o serviço militar ainda seja obrigatório.

Mas o interessante é o destaque e o sensacionalismo desproporcional dado pela mídia na divulgação do vídeo, para um fato que não tem a importância na dimensão dada pelos meios de comunicação, pois o direito a liberdade de expressão é uma garantia constitucional. Não é crime a liberdade de expressão, mas sim a corrupção que assola a nossa sociedade e que não tem a mesma dimensão na imprensa brasileira.

Não agiu corretamente a imprensa, pois na mesma semana aconteceu um crime hediondo, também em uma unidade do exército, porém no município de Santa Maria/RS, onde quatro soldados são acusados de estuprar um terceiro, que ficou internado em um hospital, tão grande foram as lesões físicas decorrentes do ato criminoso.


Mas isso o Jornal Nacional não divulgou. Por quê?


Será que a mídia, teme que a liberdade de expressão, tão buscada por ela própria, possa abalar a base “democrática” da sociedade brasileira? Ou será que tem medo de que o gigante adormecido comece a despertar?

Na verdade, o que se constata é uma enorme falta de ética e isonomia da mídia ao dar repercussão exagerada a um protesto/brincadeira, e ocultar a divulgação em rede nacional de um crime hediondo que vem se repetindo na mesma unidade, como se a dança na versão funk do Hino Nacional tivesse maior importância do que a integridade física daqueles que fazem o serviço obrigatório.

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